- Outro dia, sábado, para ser mais exato, estava no interior de supermercado fazendo compras, quando presenciei a seguinte cena:
Um casal acompanhado de sua filhinha tentava de todas as maneiras acalmarem a criança que após a negativa dos pais que não a autorizaram a pegar determinado produto, viram sua filha jogar-se ao chão aos gritos. Era visível o constrangimento de ambos, ainda mais pela ineficiência de seus apelos junto à criança. Para mim foi interessante à cena pelo fato de eu vir acompanhando na mídia os comentários sobre a lei da palmada. Eu particularmente não sou a favor e jamais serei favorável a qualquer tipo de violência, prova disso que meus filhos um com vinte anos e outro com onze jamais receberam de mim qualquer tipo de agressão. Embora eu nunca tenha passado esse tipo de situação a qual por ora presenciava, fiquei curioso para ver o fim ou desfecho daquela cena. Ouvi de alguns que passavam alguns múrmuros desse tipo:
-Pobrezinha... Da pra ela o que ela quer. É só uma criança.
Outros diziam:
- Isso é falta de laço! Há se fosse minha filha! Umas boas palmadas resolve isso.
Isso me fez pensar que a lei da palmada vai muito mais que uma manifestação no plenário ou do coraçãozinho da apresentadora Xuxa. É sabido que o Estado ou os políticos são exímios criadores de leis, sem sequer buscarem um aprofundamento sobre efeitos e causas.Uma frase conhecida e muito repetida é a que diz “educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos”. O que penso é que os tempos mudaram, os pais mudaram e as crianças também já não são mais as mesmas. Se desde as criação do ECA efetivamente a teoria tivesse virado prática muita coisa poderia ter mudado porém, por levantamentos e estudos nota-se que parece que o tiro saiu pela culatra e o menor agora protegido pela lei através do estatuto tornou-se mula de bandido e traficante que usam os mesmos para garantirem sucesso em suas operações.As agressões nos abrigos continuaram de ambas as partes e o ECA torna-se apenas mais um titulo de leis criadas no currículo de alguns políticos. Voltando a Lei 2.654/2010 a Lei da palmada, que agora renomearam lei Bernardo dando alusão ao crime ocorrido em Três Passos. Leram corretamente a palavra crime, pois certamente a soma dos castigos sofrida por este menino passa longe de inofensivas palmadas, pelo que foi levantado sofreu todo o tipo de violência física como psicológica que culminou em tal fato e lamentavelmente quando o próprio garoto gritou por socorro teve todos seus direitos negados por quem de fato deveria lhe dar a proteção. Não é necessário se criar uma lei para punir agressores de criança, essa garantia já esta na constituição, aliás, como todos nossos direitos lá estão e a quase nenhum temos acesso. O estado precisa fazer sua parte sem querer anular o pátrio poder que é um direito intransferível e prioritário da família. Acredito que a casa é à base da educação que todos nós recebemos, abomino qualquer tipo de violência, acredito e pratico a educação através do exemplo, porém, de maneira geral acho essa lei inócua como outras que já foram criadas e apresentam resultados pífios. A ação que como cidadão eu espero, vai muito mais que debates ou competição de quem aparece mais na mídia, é necessária uma mudança maior, na lei maior (Constituição) para que de fato possamos preparar um futuro melhor para as gerações futuras, pois com lei ou sem lei, absurdos acontecem todos os dias pela simples fato de não haver exemplos de punição. Da cena no mercado acredito no meu ponto de vista que ocorreram dois erros, a mãe deu uns puxões fortes na menina e o pai contemporiza dando a ela tudo que ela queria. Essa cena é mais comum do que se pensa. O que fazer? Enquanto essas cenas comuns estão acontecendo há inúmeras outras crianças pedindo socorro por que o pai chegou alcoolizado em casa e agrediu a mãe e a ela, pais agredindo de maneira irracional a criança pelo despreparo e não aguenta um choro infantil, que não sabe dialogar e só sabe impor seus limites através de pancadas, o sofrimento psicológico que deixa marcas para a vida inteira e tantos outros motivos que ficamos sabendo tardiamente pelos meios de comunicação. Por esses motivos citados acredito que cabe mais a lei levar o nome do menino de Três Passos. Pelo numero de crianças agredidas e violentadas no Brasil diariamente nosso futuro é incerto e independente de leis, cabe a cada um de nós ensinarmos através de bons exemplos e ter a coragem de denunciar quando necessário.
Palmada – Pancada dada com a palma da mão.
Flávio Rodrigues.