Lá vem o amigo!
Gritava a gurizada, que logo corria pra frente,
Subindo ou descendo a ladeira,
Vinha o amigo, negro velho conhecido,
De toda criançada da rua.
Um a um íamos perfilando
No prazer da brincadeira
Enquanto o sábio senhor
Vinha se aproximando.
Gritos conjuntos ecoavam em sintonia,
Com a mesma emoção que hora me consome,
Amigo! Amigo, olha pra mim,
E adivinha meu nome.
Começava ali uma chamada comum,
E o velho amigo paciente
Chamava a todos, um por um.
Não acertava de primeiro, é certo,
Porém, a todos dizia o nome,
Cumprimentando-nos com seu chapéu,
Dizia carinhosamente que nós
Éramos seus anjinhos
E nossa rua era seu céu.
Que saudade da inocência,
Da brincadeira sadia,
Do amigo e sua alegria,
Seu jeito simples e seu amor.
Amigo! Amigo, qual é meu nome?
Lembrança da minha infância
De um anjo em forma de homem.
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