Preto que reluzia
Com grandes olhos brancos,
Como o sol
Há iluminar o dia.
A barriga servia de apoio
Para descanso das mãos.
Para todos uns sorrisos,
Sabiamente dizia
“Somos todos irmãos”
Engraxate de mão cheia
Com a escova ou o pano
Todo mundo o conhecia
O carismático calado “Baiano”
Na hora do descanso
Descansar não era problema
Sentava no banco
Da frente do boteco da dona Nena
Para tomar sua branquinha.
Tinha um cacoete engraçado
De girar a cabeça para os lados
Bastava ele ficar quieto
Sem ninguém por perto
Que o movimento iniciava.
À noite, vestia-se para a religião,
No terreiro da mãe Téta,
Às vezes batia tambor,
Outra ficava a girar no salão.
E assim desfilou pela vida
Sozinho, sem viver na solidão,
O Baiano hoje é memória
Da estória da minha vida
Paginas de humildade e
simplicidade
E um livro de bom coração.